Há muitas coisas que, quando chegam, fazem um tremendo barulho.
Assim como uma pessoa desastrada que entra em casa derrubando tudo, aquela lojinha que faz tocar a sineta quando alguém passa pela porta, a passarela que recebe a escola de samba ou uma aterrissagem de avião: tudo isso, quando vem, não tem como ignorar.
Mas nem tudo na vida é assim. Há coisas que não fazem soar nenhum tipo de alarme e nem piscam como as luzes de Natal, ficando mais difícil percebê-las e observar o quanto são grandiosas. Posso te contar um segredo?
Às vezes, a maioria destas coisas vem quietinha.
Sem te chamar, estalar os dedos, cumprimentar ou dizer palavra alguma.
Em um silêncio completo. Te fitando de longe, pra ver se você as vê.
Sem som e sem qualquer atrativo visual: ainda estão em preto e branco. E aí cabe a você identificá-las e dar a sua devida cor.
A felicidade é assim: na maioria das vezes, chega tímida. Você, como anfitriã, deve convidá-la para o centro da roda.
Mas, antes disso, você tem que notá-la. Porque, se você me disser que não acontecem muitos momentos assim em sua vida, te responderei que – com certeza – você está enganada! Sua presença é fácil, difícil mesmo é olhá-la de frente e perceber que ela está ali. Talvez você esteja vendo-a e deixando o momento passar.
Ela estava lá o tempo todo, mas vocês não chegaram a trocar palavra alguma. Ela sorria de volta pra você enquanto você estava preocupada com outras coisas, não tão importantes assim. Ela queria te puxar pelo braço e dançar contigo a noite inteira: você mal percebeu a música linda que tocava…
Sabe aquela alegria não identificada? Só porque ela não tinha um rótulo em letras garrafais dizendo o que era, você simplesmente achou que não representava nada: descartou-a.
Agora já foi, mas, da próxima vez, preste mais atenção. A tarefa não é encontrá-la, uma vez que ela não se esconde tão dificilmente assim, mas sim detectar e sentir.
Mesmo silenciosa, calma, mansa e fazendo movimentos lentos, entenda, perceba, aceite: a felicidade está aí. Basta se permitir.
